Apresentação
Este diário foi proposto
pelos professores como parte do material avaliativo desse componente
curricular. Segundo as orientações, deveríamos registrar nele nosso dia a dia
nas aulas. Já que foram semanas de muitas leituras e pesquisas, tudo deveria
constar por escrito nesse diário, chamado propositalmente de Diário de Bordo,
pois faz referência aos diários que os navegadores usavam nas grandes
descobertas marítimas dos séculos passados.
Tentei da melhor maneira
possível expressar aqui tudo o que aprendi e tudo que me chamou mais atenção.
Cada autor estudado, obra lida, enfim, tudo que será, não só para o meu
proveito, mas também para aqueles que tiverem acesso a esse material. Espero
ter satisfeito às expectativas e preenchido os requisitos solicitados.
Apesar de não ser o trabalho
tão longo, não foi tão fácil concluí-lo. Mas, enfim, terminei, isso é o mais
importante!
Johnatas Silva
19 de junho de 2017
Diário
de Bordo
16
de maio de 2017
Hoje começamos o novo componente curricular.
Estudaremos temáticas dentro da literatura portuguesa. A professora Fátima
iniciou a aula apresentando toda a estrutura da disciplina, explicando como
irão funcionar as avaliações. Num primeiro momento foi falado sobre o que
existe de herança portuguesa ao nosso redor. Nós ouvimos uma música, baseada
num poema, que trata das heranças portuguesas presentes na vida do brasileiro.
Depois fizemos uma dinâmica local e discutimos os traços portugueses existentes
aqui em Manacapuru. O colega Raimundo Nogueira contribuiu bastante, relatando
sobre a existência algumas famílias descendentes diretos de portugueses. Ele
falou também sobre algumas construções portuguesas existentes na cidade.
17
de maio de 2017
Fizemos hoje uma boa reflexão sobre o
Romantismo. Aprendemos que romântico é aquele que sempre anseia algo novo, que
nunca está satisfeito com a realidade a sua volta, que não fica inerte no
tempo. É aquele que cria, que se renova a cada dia. Dentre os autores citados
na aula de hoje, gostaria de destacar um pouco da vida e da obra de Almeida
Garret.
Almeida Garret (1799 – 1854) teve contato com
a estética romântica em suas viagens pela Europa, com destaque para França,
Alemanha e Inglaterra. Garrett foi o introdutor do Romantismo em Portugal com
sua obra Camões (1825) quando aborda as aventuras e o sofrimento do
grande poeta lusitano. Todavia Garrett ainda apresenta traços ligados à
tradição clássica em sua linguagem culta e contenção das emoções. Sua obra está
voltada para ênfase na recuperação do passado histórico de Portugal, pautada no
medievalismo. Sua produção passa pela poesia, jornalismo, oratória, teatro e
romance. Entre os romances que representam a prosa de ficção de Garret
destacam-se: O arco de Sant’Ana,
Helena, Viagens na minha terra,
o mais conhecido e considerado o romance mais elaborado do autor.
19
de maio de 2017
Semelhantemente à aula de ontem, hoje
continuamos nossa reflexão sobre o herói romântico. Em Portugal representado na
figura dos cavaleiros medievais, como já abordei acima na obra de Almeida
Garret, mas também bem presente na obra de outro grande escritor português:
Alexandre Herculano. Ele é um dos grandes nomes da primeira geração romântica
portuguesa. Foi poeta e romancista, dedicando-se principalmente ao romance
histórico em que explorou a história medieval portuguesa. De acordo com Moisés
(2005), Herculano foi, acima de tudo, um grande historiador, o que lhe rendeu
considerável prestígio. Sua obra traz o tema “fuga para o passado” através do
medievalismo, o qual é marcado pelas as aventuras dos cavaleiros honrados, que
defendiam sua amada, ajudavam os mais pobres e injustiçados, além de serem
fiéis a um ideal de vida. O principal romance de Alexandre Herculano chama-se Eurico, o presbítero (1844). Nessa obra
o autor expressa o nacionalismo, o medievalismo e o espírito liberal.
No Brasil, principalmente na obra de José de
Alencar, na figura do índio. Esse herói sempre movido pela bravura, heroísmo,
coragem, lealdade e nacionalismo.
Ainda na primeira parte da aula, os
professores apresentaram um panorama sobre a guerra entre cristãos e muçulmanos,
a reconquista cristã da Península Ibérica, a qual durou cerca de sete séculos,
e alguns trechos de filmes foram exibidos: Tristão e Isolda, Gladiador e
Coração Valente, todos relacionados ao romantismo.
Depois
do intervalo meu grupo se dirigiu para a biblioteca, a fim de discutir sobre os
assuntos tratados no artigo que ficamos responsáveis de apresentar amanhã. A
discussão foi boa. Dividimos as tarefas e fizemos um roteiro do que será
apresentado amanhã pela manhã.
(Indo dormir agora, 01h38 da manhã, depois de
ler o artigo de novo e pesquisar mais materiais na internet sobre o nosso autor
estudado: Eça de Queirós e seu conto O
Tesouro).
20
de maio de 2017
Agora estamos nas apresentações dos grupos
sobre seus respectivos autores estudados. O primeiro grupo (Preto) discorreu
sobre o artigo Eurico, um romântico
idealista de Demétrio Alves Paz. Mostraram uma breve biografia do autor do
artigo – já mencionado – e do autor estudado Alexandre Herculano. Em síntese,
eles falaram que a obra, por ser uma obra do romantismo, trata da mulher
idealizada, perfeita, um ser angelical. Disseram também que a obra é um dos
melhores exemplos da retomada dos valores medievais (já frisei isso quando
falei sobre Herculano dias atrás).
Em seguida, nosso grupo (Verde) se
apresentou. O artigo apresentado tem como titulo Do conto tradicional ao conto de autor: O Tesouro de Eça de Queirós:
uma abordagem didática. Apresentamos uma breve biografia de Eça de Queirós,
bem como suas principais obras. Mostramos o enredo do conto, pontuando seus
principais aspectos: estrutura, estilo, personagens e temas abordados. Dentre
as temáticas, destacamos a questão da moralidade, as características negativas
suscitadas nos personagens (cobiça, ganância, avareza, desconfiança, ambição,
egoísmo, inveja). O conto tem um desfecho trágico: a morte. Percebe-se que o
autor tentar despertar no leitor o desejo pela perfeição, uma vez que o mal é
punido severamente. O autor mostra no conto a natureza cruel e selvagem dos
protagonistas (característico das obras realistas).
Em continuação, apresentou-se o grupo
Vermelho. Eles trabalharam com o artigo Crônica
e tempo: Lobo Antunes Revisado. Apresentaram uma breve biografia da autora
do artigo, Elvira Brito Campos e também de Lobo Antunes. De acordo com o grupo,
para autora do artigo, Lobo Antunes apresenta em seus textos uma narrativa
poética e um questionamento filosófico sobre o tempo cronológico e o tempo
psicológico.
Depois disso, o grupo Amarelo tratou também
dos contos queirosianos, trabalhando com o artigo Singularidades narrativas: matrizes culturais nos contos queirosianos de
Alana de Oliveira Freitas. O grupo apresentou uma mini biografia sobre a autora
do artigo e sobre Eça de Queirós. Os acadêmicos disseram que ele é o maior
expoente da prosa realista portuguesa. Seu estilo se caracteriza pela ironia e
sua capacidade descritiva dos fatos bem peculiares da estética realista. Sobre
as matrizes culturais ocidentais foi posto A
Bíblia Sagrada (Adão e Eva no Paraíso), A literatura clássica (A perfeição), A
literatura de tradição oral (BO tesouro).
Acerca dos aspectos temáticos na produção do
contista eciana, foram pontuados os recursos intertextuais e a criação de
narrativas singulares. Dessa forma, as apresentações se fecham com a leitura de
vários contos, um romance e uma crônica.
21
de maio de 2017
Professora solicitou que entregássemos amanhã
(segunda-feira) o exercício da página 101 do livro-texto. Como os enunciados
são um pouco extensos, vou registrar aqui no diário somente as respostas.
Exercícios
de aplicação (respostas):
Exercício
1.
Certamente
“o mundo contemporâneo é feito de permanente instabilidade”. Isso porque o
homem pós-moderno, principalmente no ocidente, é inseguro e inconstante, com
agudas crises de identidade. Isabel Pires de Lima, no fragmento lido, expõe o
comportamento desse homem, frente a esse novo tempo estabelecido.
A relação
entre os autores apresentado no tópico A
formação da nação face aos percursos do passado e o texto de Lima é clara.
Por exemplo, para o filósofo e ensaísta José Gil – considerado um dos maiores
pensadores contemporâneos – mudanças ocorreram na sociedade portuguesa, mas
nunca mudanças profundas. Segundo ele, o medo causado pela ditadura
salazariana, interiorizou-se no homem português, de modo que sua mentalidade
continuou fechada e presa à inércia.
Outro nome
de destaque é o de Raul Brandão. Ele
deixa bastante explicito em suas obras a dor que sente na consciência ao ver a
humanidade sendo explorada. Exploração que é revelada e denunciada em seus
escritos. Outra temática que ganha lugar de destaque nas obras de Raul Brandão
são as contradições humanas, uma vez que ele consegue captar a vida cotidiana,
o sofrimento, a humilhação e o remorso.
Penso que
não só na sociedade portuguesa atual (analisada aqui), mas também em outras
nações, como no Brasil, por exemplo, essa inconstância é aparente. Não sei se pelo
excesso que informações que são absorvidas ou por alguns outros possíveis
motivos, o indivíduo contemporâneo está cada dia mais confuso, mais inseguro,
sem direção, e, pior, sem representatividade, em todos os aspectos.
Exercício 2.
A diáspora é, em uma definição bem objetiva,
a dispersão de um povo em consequência de um preconceito ou perseguição
política, religiosa ou étnica. Tanto na obra Ferreira de Castro como na de
Maria Gabriela Llansol, a diáspora é vivenciada, pois ambos viveram longe de sua
pátria mãe por algum tempo. Llansol viveu exilada na Bélgica entre 1965-1984 e
Ferreira de Castro deixou Portugal por questões financeiras – Alberto,
personagem do livro A Selva¸ deixa as terras portuguesas por questões
políticas. Certamente Ferreira de Castro tinha saudades de Portugal, sua
pátria. Esse sentimento é comum em praticamente todos aqueles que, por algum
motivo, saem do seu país de origem.
Exercício 3.
Depois de ler o tópico Portugal e (re) encontro com a Europa, a ideia que me vem à mente é
exatamente a de um país que não mais deixa (ou expulsa) seus filhos irem
embora, mas que agora os recebe de volta e os acolhe, e não só a eles como
também os filhos de outras nações. Constitui-se numa época de forte imigração.
Percebo também uma identidade sendo, de alguma forma, resgata e reconstruída,
resultado desse encontro com novas culturas.
Exercício 4.
João Tordo. Na obra “As Três Vidas”, o narrador
e personagem principal, vai trabalhar num negócio onde um importante espião e
contraespião, Milhouse Pascal, dá consultas. Apaixonando-se pela sua neta,
Camila, entra em desespero quando esta desaparece após uma viagem a Nova
Iorque. Numa investigação em companhia do avô da moça, os mistérios que
envolvem aquela família, vão se revelando. Entre vários episódios, que
evidenciam o ideal de Camila contra tudo e contra todos, o desastre das torres
gémeas em 2001 é um dos pontos-chaves do romance e que vai permitir que todo o
novelo se desenrole, fazendo o narrador voltar a uma vida normal e monótona,
contraponto de uma ilusão que alimentou e que quase concretizou. As suas três
vidas (a de ilusão, a de penitência e a de volta à realidade), são metáforas da
realidade portuguesa e da subjetividade dos indivíduos dessa nacionalidade,
tudo em profunda e frenética busca de uma refundação da identidade pessoal e
nacional, perdida com a perda de importância de Portugal no contexto das nações
europeias. Nessa dolorosa busca, a realidade lusitana decadente, para
mostrar-se palatável, precisa ser percebida e analisada não segundo a
perspectiva das ciências sociais, mas, sobretudo, da imaginação, que não
significa mero devaneio, senão o exercício da criatividade, da invenção do
novo, da descoberta do inusitado e da construção do improvável. Na dicção da
professora Isabel Lima, essa imaginação “emerge
como potenciadora de alterações profundas, perturbadoras e enriquecedoras quer
nas relações humanas (...), quer na autopercepção e autocompreensão do próprio
país enquanto coletividade em processo de refundação identitária”. Como
exercício de elucubração, pode-se relacionar essa literatura portuguesa
contemporânea com aquela produzida no Brasil, a partir da Semana Moderna de
1922, quando os autores, como Mário de Andrade e Oswald de Andrade, seguidos
pela geração de 1930, voltam-se para os temas nacionais e produzem uma
literatura genuinamente brasileira, que discute as grandes questões do país e
de seu sofrido povo, agora com uma identidade própria da qual não se
envergonham mais.
Questão para reflexão.
No livro A Nau de Ícaro, o ensaísta e crítico
literário Eduardo Lourenço discute aspectos da cultura portuguesa num período
de refluxo colonial. Nele, Lourenço reflete sobre as aventuras do pequeno país
Portugal, que navegou no sonho dos “descobrimentos”, mas que agora retorna ao seu
porto como nação saudosa e solitária.
A cais de saída se refere à coragem dos
portugueses em descobrir terras além daquele grande oceano, às grandes
caravelas que os espalharam pela América e África nos séculos das grandes navegações.
Em contraste a essa gloriosa fase da história de Portugal, há o cais de
chegada, entendido pelo fragmento lido da obra de Eduardo Lourenço como o
retorno de milhares de portugueses a Portugal e a países centrais da Europa,
trazendo em si um sentimento de saudade, nostalgia, que, para o autor,
“obscurece a nossa atualidade [falando de Portugal] de povo do século 20”.
22
de maio de 2017
Hoje começamos a estudar a estética realista.
Basicamente, pelo que está sendo ministrado, o Realismo se fundamenta na
racionalidade, objetividade lógica e a experimentação. Foi um movimento guiado
pelas lentes da ciência. Eu sinceramente
acho interessante esse período, porque apesar de seus equívocos, o que é
natural, é uma estética que mostra, de forma nua e crua, a natureza humana.
23
de maio de 2017
Hoje estamos ainda no Realismo. Estamos lendo
alguns trecos do livro O Crime do Padre
Amaro, de Eça de Queirós. A análise está bastante interessante. O autor
expõe uma natureza humana cheia de desvios morais e malícia. A personagem
principal da obra revela-se contraditório e um tanto hipócrita também, pelo
menos é o que penso. Também começamos a rever o Naturalismo como extensão do
Realismo. No Naturalismo, aspectos animalescos do ser humano são bem expostos.
Como dinâmica local no primeiro momento da
aula, nos foi dada uma questão para discutirmos em sala a respeito dos temas do
Realismo: crítica social, o uso da ironia, a análise de caráter, a profunda
natureza vil e corpórea, dentre outros.
Impossível não comentar sobre Eça de Queirós
e sua obra numa dinâmica dessas. Ele, como já registrei aqui, é considerado o
maior expoente da prosa realista portuguesa. Em sua obra se destaca a ironia
como aborda os assuntos trados por ele e a descrição detalhada dos fatos. Nela
há uma forte crítica social, cheia de ironia e sátira, que tinham por objetivo
contrariar alguns valores tradicionais. Ele fazia uma espécie de raio-X da
sociedade, mostrando tal como ela é. Dentre suas obras, destaco O crime do padre Amaro, O primo Basílio, Os
mais, O mandarim e A Relíquia. Por essas características, pude entender a
importância desse autor para a literatura portuguesa.
26
de maio de 2017
A aula iniciou com a exibição do filme A Selva, baseado no livro A Selva, de Ferreira de Castro. Ao
assistir ao filme, fiz uma breve conexão com o livro Inferno Verde de Alberto Rangel – estudado numa matéria anterior. A Selva mostra o desenrolar de uma
estória vivida na Amazônia no período da borracha. Numa breve pesquisa na internet,
encontrei uma sinopse bastante objetiva sobre o longa metragem:
No início do século 19, o jovem português Alberto
vive exilado na capital do Pará. Naquelas terras distantes e praticamente
inabitadas, ele encontra emprego no seringal Paraíso, localizado no coração da
Amazônia. Depois de dias de viagem pela região, o rapaz chega ao local de
trabalho e tem como mestre Firmino (Chico Diaz), um cearense que ensina a ele
tudo sobre o ofício de extrair borracha. Após um longo período de adaptação e árduo
trabalho, passa a cuidar do armazém do seringal, que é de propriedade de Juca
Tristão (Cláudio Marzo). No exercício da nova atividade, ele passa a ter contato direto com o
patrão Juca Tristão, seus funcionários e com sua bela mulher do senhor Guerreiro.
Dona Yayá (Maitê Proença) cada vez mais desperta interesse em Alberto. Logo, os
dois se veem inesperadamente apaixonados e envolvidos, numa relação que pode
ser muito perigosa, dado o contexto em que vivem.
Adaptado da obra de Ferreira Castro lançada em
1930, A Selva ainda traz no elenco Gracindo Júnior.
A direção é do português Leonel Vieira, que atualmente trabalha na produção de
seu novo longa, Naturezas Mortas. (Disponível
em: https://www.guiadasemana.com.br/cinema/sinopse/a-selva)
Após o filme, assistimos um mini documentário
chamado Heranças de Portugal Parte I.
O mesmo mostrou uma visita feita ao museu do seringal em Manaus. O museu existe
desde a gravação do filme.
Já que nessa aula tivemos contato com a obra
de Ferreira de Castro, vou aproveitar e inserir, hoje dia 17 de junho, o meu
comentário sobre cenas do filme, relacionando-as com o texto escrito pelo
referido autor:
As cenas que mais me chamaram atenção no
filme foram as que mostram a situação de moradia dos seringueiros no meio da
floresta. Totalmente desprovidos de recursos, quase sem mantimentos, entregues
a sorte e explorados pelo trabalho árduo na extração do látex da seringueira.
No filme, as cenas mostram essa realidade, como também no romance de Ferreira
de Castro. Tudo isso motivado pela ganância dos donos dos seringais, fruto de
um capitalismo selvagem e desenfreado. Cenas do filme e fragmentos do conto
mostram a morte, muitas delas de forma brutal pelos índios, de seringueiros e a
indiferença de seus patrões em relação à vida deles.
27
de maio de 2017
Hoje pela manhã nos reunimos na casa do
colega Raimundo Nogueira para definirmos o roteiro do nosso vídeo que será
produzido para apresentação no próximo sábado como parte da avaliação parcial 2
(AP2) e que será usado posteriormente na I Mostra da Cultura Portuguesa. O
assunto que ficou sobre nossa responsabilidade foi a herança deixada pelos portugueses no município de Manacapuru através
da arquitetura. Como aqui na nossa cidade não temos muitos prédios com
essas características, nos focaremos somente em três, já que estes são
edificações erguidas por portugueses aqui em Manacapuru. São eles: Igreja
Matriz, Casa da Família Reis e a Restauração – hoje também conhecido como SESC
Restauração.
Nossa reunião não foi longa, porém muito
proveitosa. Decidimos por explanar nosso assunto gravando um vídeo com
características de um programa de Talkshow. A colega Lauanda será a
entrevistadora, o colega Raimundo Nogueira será o entrevistado, e Lia, Gilmar e
eu seremos os repórteres que farão uma participação “ao vivo” no programa com
um link direto das fachadas dos prédios já mencionados. Como não temos recursos
suficientes para a produção de um vídeo de alta qualidade, faremos o melhor que
podermos com um smartphone mesmo. Uma das nossas fontes de pesquisa e base
teórica para este trabalho foi o livro Entendendo
Manacapuru Através de Suas Fachadas, de Adalberto Carim Antônio e Raimundo
Augusto M. Nogueira. O livro traz fotos de diversas edificações antigas da
nossa cidade, bem como a história que acompanha cada uma delas.
30
de maio de 2017
A produção do vídeo para o nosso trabalho
sobre a herança portuguesa aqui em Manacapuru tem sido uma tarefa e tanto.
Primeiro porque não temos experiência nesse tipo de coisa (produzir um vídeo
com fins acadêmicos) e segundo porque nosso tempo e recursos são escassos. Mas
de qualquer forma tem sido bastante proveitoso. Eu particularmente já aprendi
muita coisa sobre arquitetura antiga de Manacapuru nesses poucos dias. E é notória
a contribuição do povo português em nossa cidade, não só na arquitetura.
01
de junho de 2017
Hoje concluímos as filmagens. Não foi tarefa
fácil, pois muitos foram os desafios, como já mencionei anteriormente. Mas,
enfim, terminamos. Agora é só apresentar e esperar que obtenhamos o resultado
desejado. Sinceramente, estou muito contente com esse trabalho, não só pelo
desafio de fazer algo inédito, mas principalmente pelo conhecimento que adquiri
nesses dias. Agora sei um pouco mais sobre minha cidade, conheço mais de sua
história, e tudo isso graças às pesquisas que tiveram que ser feitas para o
conteúdo do nosso trabalho.
02
de junho de 2017
Hoje a aula girou em torno da literatura na
contemporaneidade. Foi falado sobre como se identificar nesse novo cenário, e o
que é de fato ser contemporâneo. Dentre tantos bons autores que temos hoje, foi
destaque na aula o português, nascido na África, Valter Hugo Mãe e o português
João Tordo. Vimos uma breve biografia dos dois e foram-nos apresentadas suas
principais obras, juntamente com comentários e fragmentos de cada uma delas.
Valter Hugo Mãe é um escritor bastante
premiado, de acordo com o que está sendo ministrado na aula. Ganhou o Prêmio
José Saramago em 2007, arrancando elogios do grande escritor português. Dentre
seu leque de obras encontram-se romances, contos, poesia etc. De acordo com o
portal online Wikipédia: “Os
quatro primeiros romances de Valter Hugo Mãe são conhecidos como a tetralogia
das minúsculas. Escritos integralmente sem letras capitais, incluindo o nome do
autor, pretendiam chamar a atenção para a natureza oral dos textos e recondução
da literatura à liberdade primeira do pensamento. As minúsculas aludem também a
uma utopia de igualdade. Uma certa democracia que equiparava as palavras na sua
grafia para deixar ao leitor definir o que devia ou não ser acentuado”. Mãe
está listado como um dos mais conceituados escritores portugueses da
atualidade. Algumas de suas obras: O
Remorso de Baltazar Serapião, O Apocalipse dos Trabalhadores, A Máquina de
Fazer Espanhóis, O Filho de Mil Homens e a mais recente Homens Imprudentemente Poéticos.
João Tordo também é
vencedor do Prêmio José Saramago, ganhou em 2009. Nasceu em Lisboa em 28 de
agosto de 1975. Suas obras, em especial os romances, trazem certa dose de
mistério e suspense. É um autor em plena aitividade nos dias de hoje, além ser
múscio e dar aulas, em forma de oficinas, de escrita, sobretudo de romnace.
Dentres suas obras estão: As Três Vidas,
que lhe rendeu o Prêmio José Saramago, O
Livro dos Homens Sem Luz, O Bom Inverno,O Ano Sabático etc.
03
de junho de 2017
Bem, trabalhos prontos (ou pelo menos quase),
hoje foram as apresentações. Cada grupo com sua peculiaridade, maneira de
trabalhar, forma de transmitir conhecimento, apresentou em forma de vídeo o que
há de herança portuguesa na cidade de Manacapuru. Notei que cada colega se
esforçou e fez, dentro de suas possibilidades, uma boa apresentação. Mais uma
vez foi enriquecedor. Aprendi mais ainda sobre meu município e como ainda há
muito da herança dos portugueses na nossa cidade. Coisas que eu nem imaginava
que eram heranças portuguesas, como a ciranda, por exemplo. Sou conhecedor
dessa expressão cultural, mas nunca passou pela minha cabeça que tinha essa
origem. Depois de todos os grupos apresentarem seus respectivos trabalhos, nossa
professora, Dra. Auricléa Oliveira das Neves fez suas considerações, nos
parabenizando pelo empenho e, claro, criticando, construtivamente, cada
trabalho, trazendo sugestões para possíveis mudanças e algumas adaptações, já
que esses trabalhos serão parte da programação da I Mostra da Cultura
Portuguesa que acontecerá no dia 13 (terça-feira). Em resumo, tudo ocorreu
dentro do esperado.
05 de junho de 2017
Ainda sobre autores contemporâneos, nossa
aula continua com a premiada autora portuguesa Lídia Jorge. Pelo que já foi
exposto, pude aprender que ela fala em suas obras sobre a identidade
portuguesa, dizendo que essa identidade é constituída por símbolos (bandeira
portuguesa, por exemplo), maneira de falar etc. Lídia Jorge é ensaísta,
romancista, e, como foi enfatizado, uma crítica de si mesma. Algumas de suas
obras: O Cais das Merendas, Notícia da
Cidade Silvestre, A Costa dos Murmúrios (romances), A Instrumentalina, O Conto
do Nadador e O Belo Adormecido (contos).
Nesse momento estamos na hora do conto,
ouvindo a leitura da obra A
Instrumentalina, de Lídia Jorge para logo mais, na dinâmica local,
discutirmos sobre as representações apresentadas no conto.
06
de junho de 2017
Hoje a aula está voltada para a revisão de
tudo o que vimos nessas semanas que se passaram. Começando pelo Romantismo, estética
baseada na idealização do amor, da mulher, da felicidade plena etc. Alguns
autores trazem a ideia de liberalismo, como Julio Diniz. Seria, então, a
exaltação da liberdade. O professor Franklin frisou várias vezes que essa ideia
diz respeito ao fato de que cada um de nós é responsável pelo seu sucesso ou
fracasso. A ideia liberal, de acordo com o que está sendo falado, é uma ideia
que isenta tudo o que está ao nosso redor, que poderia ser os motivos de
possíveis fracassos na vida.
Diferente do Romantismo, o Realismo observa,
analisa e faz crítica social, mostrando a sociedade tal como ela é, cheia de
contradições e hipocrisias. As obras desse período mostram os vícios, as mazelas,
a maldade que nos cerca e que faz parte de nós. Mostra a sociedade nua e crua.
Os autores dessa estética mostram essas questões sem problema nenhum.
09
de junho de 2017
Hoje é o encerramento desse componente
curricular. Depois de algumas semanas de muito aprendizado e experiências
novas, agora é hora de se despedir (por enquanto) dessa viagem que fizemos
pelos Estudos Temáticos de Literatura Portuguesa II. A aula hoje continuará
abordando a literatura de língua portuguesa na atualidade, com ênfase na
literatura africana.
Está sendo exibido agora um mini documentário
sobre a história da literatura africana. Quem está narrando os acontecimentos o
comentando sobre o assunto é a professora e pesquisadora Renata Rolon. De
acordo com o vídeo, algumas literaturas há cerca de vinte anos não eram conhecidas
no Brasil, por isso pesquisas nessa área têm um campo de estudos bem amplo.
Depois de um passado oprimido, os africanos
de língua portuguesa buscam o reencontro com sua cultura, pois durante muito
tempo o que foi produzido nas ex-colônias de Portugal era uma espécie de cópia
da cultura europeia. Só a partir dos movimentos de independência é que os
textos africanos recebem o status de Literatura Africana.
A literatura africana é muito rica e há nela uma
gama de autores extraordinários (foi mostrado nas cartelas alguns deles), porém
recebem destaque na aula de hoje dois moçambicanos: Paulina Chiziane e o
conhecidíssimo Mia Couto.
Antes de contextualizar um pouco sobre e a
vida e a obra de Paulina Chiziane, vou deixar aqui registrado uma frase dela
que me cativou:
"O lugar onde o negro está é sempre
subalterno. Com a literatura começo a denunciar minha identidade como negra e
mulher. Escrever é uma espécie de confissão. A literatura que me escolheu e
pude encontrar um espaço para tentar transformar sentimentos, opiniões e mudar
o mundo. Minha arma é minha caneta”.
Pois bem, a autora
nasceu em Manjacaze (Moçambique) em 1955. Foi a primeira
moçambicana a escrever um romance com o livro Balada de Amor ao Vento – isso foi bastante comentado pela
professora Fátima. Foi na infância militante de um partido político
pró-independência de Moçambique, mas após a conquista, deixou a política de
lado, por conta de algumas decepções que teve com as os rumos adotados pelo
partido e resolveu se dedicar à escrita, integralmente. Certamente o tema de justiça
e igualdade ganha destaque na obra da autora, e por conta disso é considerada
uma pacifista. Algumas de suas obras: Balada
de Amor ao Vento, O Sétimo Juramento, As Andorinhas, Na Mão de Deus, entre
outros.
Mia Couto. Eu li parte do seu romance Terra Sonâmbula, e até redigir um diário
sobre essa leitura. Foi no componente curricular Teoria e Prática da Leitura. Foi
muito proveitoso. Mia Couto, como já mencionei, é moçambicano. Nasceu no dia 5
de julho de 1955. É um autor contemporâneo muito lido e admirado, não só no seu
país de origem, mas também em Portugal, no Brasil e no resto do mundo onde sua
obra já chegou. Ela é bem extensa e diversificada, contendo romances, crônicas,
poesias e contos. Seus livros já foram traduzidos para diversos idiomas e são
publicados em mais de vinte e dois países. Eu pretendo continuar a leitura de Terra Sonâmbula em breve e quero ler
outros livros do autor. Ele fla muito sobre guerras, as relações humanas,
crenças e uma séria de outras temáticas.
Estamos assistindo agora A Hora do Conto. E
claro, a obra lida é de Mia Couto, O Embondeiro
que Sonhava Pássaros.
13
de junho de 2017
São 23h05, e agora vou para a última parte
desse diário. Vou registar, de forma resumida, o que aconteceu na I Mostra da
Cultura Portuguesa, que foi realizada por nós, acadêmicos do curso de Letras
Mediado, na escola estadual André Vidal de Araújo. A programação foi muito boa,
eu particularmente gostei muito do roteiro que foi seguido. Cada poema lido, música
tocada, vídeo apresentado, foi tudo bastante satisfatório. Algumas coisas
deixaram a desejar, mas isso é normal, acredito que fim tudo correu bem e
atendeu as expectativas.
Nossa professora Dra. Auricléa Oliveira das
Neves fez uma belíssima palestra sobre o grande José Saramago e vou aproveitar
esse espaço para comentar um pouco sobre ele, já que não fiz isso ainda. Não
posso encerrar esse diário, que trata da literatura portuguesa, sem mencionar
um dos maiores escritores de nossa língua.
O autor dispensa apresentações, mas por
motivos formais é bom contextualizar um pouco. Nasceu em 16 de novembro de
1922. Até hoje único escritor de língua portuguesa a ganhar o Nobel da Paz
conquistado em 1998. Com uma vasta obra, desde a poesia à prosa, José Saramago
deixa um legado inquestionável. Sempre deixou de forma bem explícita suas
opiniões pessoais, o que lhe rendeu muitas polêmicas, principalmente no diz
respeito à religiosidade. Uma de suas obras memoráveis é Ensaio Sobre a Cegueira (1995). Esse
romance foi adaptado para o cinema e foi lançado em 2008, dirigido por Fernando
Meirelles.
Sobre o texto escrito o filme Ensaio Sobre a Cegueira, Registro aqui
um comentário sobre eles:
Do filme “Ensaio sobre a cegueira”, destaco a
cena na qual uma mulher, a única pessoa que continua enxergando em meio a uma
epidemia de cegueira, conduz um grupo em fuga de um manicômio onde se
encontravam confinados, pois as autoridades acreditavam que o problema
atingiria apenas uma minoria. A cegueira, no filme como no livro, é a metáfora
da insensibilidade e da indiferença em relação aos problemas dos outros, capaz,
ainda, de reduzir o homem ao próprio universo de interesses egocêntricos e
degradá-lo a ponto de descer ao porão selvageria, igualando-o ao nível dos
chamados animais irracionais. Em contraponto, a lucidez da mulher metaforiza a
solidariedade, o compromisso com o outro, os valores humanos que mantem a vida
social e impedem o caos generalizado. A lucidez jamais poderia ser uma vantagem
sobre o outro, um diferencial que permite a opressão e exploração do
semelhante, mas, necessariamente, a possibilidade da partilha e da comunhão,
sem o que a vida deixa de ser significativa e se constitui em absurdo.