PRODUÇÃO
ACADÊMICA: DIFICICULDADES DOS ACADEMICOS DE LETRAS DA UEA DE MANACAPURU
Amábyle Karoline
Irenilde
Johnatas Silva
Lauanda Menezes
Lia Mara
Michelly Picanço
Irenilde
Johnatas Silva
Lauanda Menezes
Lia Mara
Michelly Picanço
Raimundo Nogueira
Rosinete
RESUMO
O
presente trabalho tem como objetivo dar publicidade a algumas reflexões acerca
da observação de uma dificuldade comum aos acadêmicos do curso de letras da
Universidade do Estado do Amazonas (UEA) no município de Manacapuru – a
dificuldade em produção de textos acadêmicos. Por meio de entrevistas com os
acadêmicos e com a professora mediadora, além da pesquisa bibliográfica, foi
possível definir um ponto em comum na gênese desse problema de modo que, com as
informações obtidas, tornou-se viável a apresentação de uma atitude capaz de
remediar ou minimizar os efeitos negativos dessa dificuldade comum.
Palavras-chave: Metodologia. Acadêmicos.
Dificuldades.
1 INTRODUÇÃO
Ao realizar uma breve
observação empírica da turma de Letras, acadêmicos da Universidade do Estado do
Amazonas (UEA), no polo de Manacapuru, verificou-se um problema comum – a
dificuldade em produção de textos científicos.
Com base nessa observação,
pôde-se delimitar um tema sobre a produção acadêmica tendo como objeto de
estudo asdificuldades dos acadêmicos de Letras da UEA de Manacapuru.
Essa escolha temática fez-se
relevante por ser um assunto bastante discutido dentro da instituição de ensino
e a presente pesquisa tem como objetivo verificar as principais dificuldades
relacionadas a produção de textos científicos pelos acadêmicos e mostrar o
nível de conhecimento dos estudantes universitários acerca da disciplina
Metodologia do Estudo e do Trabalho Científico, antes e após seu ingresso à
universidade.
Para que se obtivesse
êxito nos objetivos propostos, aplicou-se, por meio de amostragem aleatória, um
questionário aos acadêmicos e realizou-se uma breve entrevista com a professora
doutora responsável pela mediação do curso em Manacapuru.
Com o intuito de facilitar o
entendimento essa pesquisa encontra-se dividida em tópicos que buscam mostrar a
importância da metodologia para discentes não só no Ensino Superior, mas desde
o Ensino Fundamental.
2 DIFICULDADE NA PRODUÇÃO TEXTUAL ACADÊMICA
2.1 Caraterização do problema
Os
acadêmicos do Curso de Letras da Universidade do Estado do Amazonas, turma de
Manacapuru, ingressos no segundo semestre de 2015, queixam-se de dificuldades
na produção de trabalhos científicos, uma reclamação confirmada pela professora
assistente, que recebe e avalia a produção da turma.
Segundo
os próprios acadêmicos, a dificuldade consiste em duas limitações básicas: primeira,
não conseguem encontrar palavras para expressar o pensamento; segunda, não
dispõem ou dispõem de informações escassas sobre o tema ou assunto proposto.
Para
a professora doutora assistente, Auricléa Oliveira Neves, os textos produzidos
pelos acadêmicos também revelam, sobretudo, dois problemas fundamentais, a
saber: a dificuldade de estabelecer, no texto, coerência nos aspectos lógicos,
semânticos e cognitivos; e dificuldade de produzir coesão adequada entre os
conceitos e relações expressos na produção textual.
2.2 As causas
A
educação de metodologia científica, especialmente a que se volta para a
produção de textos, sobretudo acadêmicos, é uma realidade recente na sociedade
amazonense.
Anos
atrás discutia-se em plenário legislativo a importância de se desenvolver
economicamente as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Enquanto esse era o
tópico, por anos as práticas de ensino basilar ficaram carentes de métodos que
desenvolvessem nos alunos o pensamento científico.
Os
resultados dessa omissão, para não se falar em negligência, acabou por
arraigar-se na sociedade nortista e sua descrição pode ser parafraseada em
Rosistolato apud Durkheim (2012) quando afirma:
(…) caso a educação
não funcione adequadamente, a sociedade estará em vias de extinguir-se. Não é o
fim da sociedade, mas o fim de um determinado modelo social que depende da
educação para se reproduzir (…) o que interessa à educação é a influência
exercida sobre as crianças e os adolescentes.
É
clara a dificuldade encontrada pelos alunos de curso superior em produzir com
clareza textos científicos. Essa dificuldade só evidencia a influência exercida
pelos professores sobre os alunos das fases básicas dos ensinos, pois, por
maioria, aqueles mesmos não teriam domínio sobre essas práticas.
Para
salientar essas dificuldades e procurar o aprofundamento é importante verificar
pelo menos duas perspectivas – a do aluno e a do professor.
Reclamam,
finalmente, que não foram apresentados à metodologia do estudo e do trabalho
acadêmico durante toda a travessia da educação básica, especialmente no ensino
médio, de modo que o primeiro contato com a disciplina ocorreu – de forma
abrupta e traumática – somente na universidade.
2.2.2 Na perspectiva da professora
Na
perspectivada professora assistente a dificuldade decorre, sobretudo, de
deficiências da educação básica que, em geral, não consegue habilitar o aluno
para o pensamento reflexivo, nem o capacitar para o registro escrito dessa
reflexão em nível de produção textual acadêmica.
Segundo
a professora doutora Neves, em entrevista à essa equipe, a escola da educação fundamental
e média pouco contribui para a construção do raciocínio e do pensamento do
aluno, de modo que resulta sensivelmente debilitada a capacidade de articulação
coerente de ideias e conceitos como consequência perece a construção da argumentação
propriamente dita.
Nesse
sentido, a professora destaca a ausência, no ensino médio, de treinamento
contínuo e intensivo na produção de texto, que deveriam ser necessariamente
corrigidos e reescritos pelo aluno, como forma de desenvolver sua habilidade de
registro escrito do pensamento, em linguagem escorreita.
A
professora ressalta a frágil aprendizagem na educação básica de aspectos da
língua como os conectores e a sintaxe responsáveis respectivamente pela coesão
e coerência do texto.
Em
suma, as dificuldades decorrem de deficiências crônicas acumuladas ao longo da
educação básica que dificilmente serão superadas em pouco tempo no ensino
superior.
2.3 Um possível caminho de superação
A soma dos fatores acima descritos torna-se empecilho para a produção de
trabalhos acadêmicos, atividade que é uma prática necessária na formação de
nível superior. Com os acadêmicos da turma do Curso de Letras, da Universidade
do Estado
do Amazonas, polo de Manacapuru, não é diferente, enfrentam, de modo geral,
dificuldades na produção de seus trabalhos acadêmicos.
Haveria,
então, um caminho para eliminação e/ou minimização dos efeitos dessas
dificuldades? Essa abordagem não é totalmente nova no ambiente científico,
Lüdke (2002 p. 103) informa o seguinte:
Nas três últimas
décadas vem se consolidando na discussão acadêmica uma perspectiva nítida de
valorização da pesquisa e de estímulo ao seu desenvolvimento junto às
atividades do docente da educação básica.
Já
se tem a necessidade do desenvolvimento de produção científica nas fases
iniciais do ensino para que no futuro não ocorra o impacto de metodologias. Mas
hoje, para quem não teve o primeiro contato com essa prática, ainda é possível
correr atrás do prejuízo.
Considerando
as peculiaridades da turma do
Curso de Letras, polo de Manacapuru, sugere-se como sugestão a formação de
grupos de estudos, no horário diurno nos dias comuns da semana ou diurno e
noturno aos sábados, conforme a disponibilidade de tempo.
A pauta dos grupos de estudo seria então a
revisão dos aspectos da língua portuguesa mais relevantes para a construção do
pensamento e do raciocínio, destacadamente os conectores da língua e os
elementos de coerência nos aspectos lógicos,
semânticos e cognitivos.
Esses
aspectos, contudo, deverão ser trabalhados sempre e insistentemente na
perceptiva da produção textual, de modo que se espera, se não a superação das
dificuldades, pelo menos sensível melhora na performance do acadêmico de Letra
de Manacapuru.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao
realizar a análise dos dados obtidos com a pesquisa, pôde-se verificar que a
dificuldade encontrada pelos alunos para a produção de textos científicos
encontra-se intimamente ligada ao fato dessa prática não ter sido exercitada
nas fases anteriores do ensino ao qual eles tiveram acesso.
Outro fator contribuinte para dificuldade que ficou evidente foi a
carência da prática de bons hábitos de leitura, pois é notório observar que
quanto mais conhecimento
advindo da leitura o aluno possuir, mais rápido será o desenvolvimento das
ideias que devam ser passadas para a linguagem escrita.
A
aplicação da proposta para “correr atrás do prejuízo” e intensificar os estudos
e a prática de produção textual em horários alternativos às aulas pode ser
importante para que se solucione o problema ou, pelo menos, sejam seus efeitos
minimizados. Não houve tempo para que essa hipótese pudesse ser avaliada.
Ainda
em fase de discussão de resultados pôde-se observar que a dificuldade sobre a
temática é tão grande que talvez seja uma das principais razões para um elevado
índice de evasão dos alunos nessa fase.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Carniel,
Fagner; Feitosa, Samara (org.); Rosistolato, Rodrigo… [et al]. A Sociologia em sala de aula: diálogo sobre
o ensino e suas práticas. Base Editorial: Curitiba, 2012.
Lüdke,
Menga… [et al]. 2ed. Ensinar e aprender:
sujeitos, saberes e pesquisa. DP&A: Rio de Janeiro, 2002.
Schopenhauer,
Arthur. A Arte de Escrever.
L&PM: Porto Alegre, 2011