Cinco pontos que sintetizam a postura do
autor sobre a experiência e o saber de experiência.
Jorge
Larrosa Bondía, em seu artigo “Notas sobre a experiência e o saber de
experiência”, discorre sobre seu ponto de vista em relação à educação, aludindo
que o campo pedagógico está dividido entre os chamados técnicos e os críticos,
entre os partidários da educação como ciência aplicada e os da educação com
práxis política. Ele propõe um novo olhar e uma nova perspectiva sobre a educação
e o conhecimento a partir da experiência/sentido, trazendo certo significado a
algumas palavras, em determinados contextos. Vejamos:
1. O
autor faz uma análise da palavra experiência, afirmando que ela é “aquilo que nos
passa, o que nos acontece, o que nos toca”. O excesso de informação, segundo
ele, nos priva da experiência, porque o sujeito da informação passa a maior
parte do seu tempo buscando informação, não dando espaço para a experiência. A
raridade da experiência se dá, também, porque o sujeito moderno, além de ser
informado, opina. É alguém que supostamente tem uma opinião sobre tudo, e
critica tudo a sua volta.
O que também reduz a possibilidade da
experiência é a falta de tempo. O sujeito moderno é obsessivo pela novidade. Tudo
se passa demasiadamente depressa, à medida que são dados os acontecimentos. E
de acordo com ele, os aparatos educacionais funcionam para tornar impossível
que alguma coisa nos aconteça.
2. A experiência caracteriza-se, etimologicamente
(com base no estudo dos radicais da palavra em alemão, latim e grego), como
sendo um lugar perigoso, onde o sujeito da experiência atravessa um espaço
indeterminado, buscando nele sua oportunidade de provar algo.
3. “O
saber de experiência se dá na relação entre o conhecimento e a vida humana” (p.
26). Essa relação entre conhecimento e vida se dão no âmbito singular, no
conhecimento que o indivíduo adquire no passar da vida, de acordo com suas
experiências e de acordo com suas necessidades. Sendo assim, esse conhecimento não
é neutro, objetivo, mas sim apaixonado, subjetivo, carregado das necessidades
singulares e individuais.
4. O autor destaca, baseado no pensamento
de Heidegger (1987), que o sujeito da experiência é também um sujeito sofredor,
padecente, receptivo, aceitante, interpelado, submetido, alcançado, tombado e
derrubado. Logo, o sujeito da experiência está aberto a sua própria
transformação.
5. O autor se refere a ciência moderna
como a responsável em alienar-nos da experiência, transformando-a em método
(experimento), em um caminho seguro. Desse modo, a experiência passa a ser uma “acumulação progressiva de verdades
objetivas que, no entanto, permanecerão externas ao homem.” (p. 28). Para
ele o saber da experiência é singular, único, o método (experimento), por sua
vez, é genérico.
A
visão do autor está fundamentada nas tendências pedagógicas progressistas.
O autor destaca que
atualmente o conhecimento é ciência e tecnologia, fazendo referência as teorias
do capital humano sobre a sociedade do conhecimento, a sociedade da
aprendizagem, ou a sociedade da informação. A “vida”, porém, se reduz, segundo
ele, somente à dimensão biológica, à satisfação das necessidades (baseada na
lógica do consumo) e a sobrevivência dos indivíduos e da sociedade.
A partir de um olhar novo e de uma visão
de mundo mais ampliada, o autor propõe uma perspectiva diferente sobre educação
e conhecimento, apoiando-se no saber adquirido através da experiência,
enfatizando que ela é capaz de transformar e informar os indivíduos, pois o sujeito
da experiência está aberto, como já foi dito, a sua própria transformação. Isso
está diretamente ligado as pedagogias progressistas, uma vez que a reflexão
sociológica dessas temáticas permiti-nos entender a educação como um meio de
transformação social, onde o aluno (o sujeito) tem seus conhecimentos prévios –
suas experiências – considerados, sendo agente ativo no processo de produção de
conteúdos.
_______
JORGE LARROSA BONDÍA é doutor em
pedagogia pela Universidade de Barcelona, Espanha, onde atualmente é professor
titular de filosofia da educação.
(Johnatas Silva, aluno do Curso de Letras da Universidade do Estado do Amazonas.)
(Johnatas Silva, aluno do Curso de Letras da Universidade do Estado do Amazonas.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário. Deus abençoe você!