domingo, 6 de março de 2016

ARTIGO BASEADO NO ARTIGO DE JORGE LARROSA BONDÍA

Cinco pontos que sintetizam a postura do autor sobre a experiência e o saber de experiência.

Jorge Larrosa Bondía, em seu artigo “Notas sobre a experiência e o saber de experiência”, discorre sobre seu ponto de vista em relação à educação, aludindo que o campo pedagógico está dividido entre os chamados técnicos e os críticos, entre os partidários da educação como ciência aplicada e os da educação com práxis política. Ele propõe um novo olhar e uma nova perspectiva sobre a educação e o conhecimento a partir da experiência/sentido, trazendo certo significado a algumas palavras, em determinados contextos. Vejamos:

1. O autor faz uma análise da palavra experiência, afirmando que ela é “aquilo que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca”. O excesso de informação, segundo ele, nos priva da experiência, porque o sujeito da informação passa a maior parte do seu tempo buscando informação, não dando espaço para a experiência. A raridade da experiência se dá, também, porque o sujeito moderno, além de ser informado, opina. É alguém que supostamente tem uma opinião sobre tudo, e critica tudo a sua volta.

O que também reduz a possibilidade da experiência é a falta de tempo. O sujeito moderno é obsessivo pela novidade. Tudo se passa demasiadamente depressa, à medida que são dados os acontecimentos. E de acordo com ele, os aparatos educacionais funcionam para tornar impossível que alguma coisa nos aconteça.

2. A experiência caracteriza-se, etimologicamente (com base no estudo dos radicais da palavra em alemão, latim e grego), como sendo um lugar perigoso, onde o sujeito da experiência atravessa um espaço indeterminado, buscando nele sua oportunidade de provar algo.

3. “O saber de experiência se dá na relação entre o conhecimento e a vida humana” (p. 26). Essa relação entre conhecimento e vida se dão no âmbito singular, no conhecimento que o indivíduo adquire no passar da vida, de acordo com suas experiências e de acordo com suas necessidades. Sendo assim, esse conhecimento não é neutro, objetivo, mas sim apaixonado, subjetivo, carregado das necessidades singulares e individuais.

4. O autor destaca, baseado no pensamento de Heidegger (1987), que o sujeito da experiência é também um sujeito sofredor, padecente, receptivo, aceitante, interpelado, submetido, alcançado, tombado e derrubado. Logo, o sujeito da experiência está aberto a sua própria transformação.

5. O autor se refere a ciência moderna como a responsável em alienar-nos da experiência, transformando-a em método (experimento), em um caminho seguro. Desse modo, a experiência passa a ser uma “acumulação progressiva de verdades objetivas que, no entanto, permanecerão externas ao homem.” (p. 28). Para ele o saber da experiência é singular, único, o método (experimento), por sua vez, é genérico.

 A visão do autor está fundamentada nas tendências pedagógicas progressistas.

 O autor destaca que atualmente o conhecimento é ciência e tecnologia, fazendo referência as teorias do capital humano sobre a sociedade do conhecimento, a sociedade da aprendizagem, ou a sociedade da informação. A “vida”, porém, se reduz, segundo ele, somente à dimensão biológica, à satisfação das necessidades (baseada na lógica do consumo) e a sobrevivência dos indivíduos e da sociedade.

 A partir de um olhar novo e de uma visão de mundo mais ampliada, o autor propõe uma perspectiva diferente sobre educação e conhecimento, apoiando-se no saber adquirido através da experiência, enfatizando que ela é capaz de transformar e informar os indivíduos, pois o sujeito da experiência está aberto, como já foi dito, a sua própria transformação. Isso está diretamente ligado as pedagogias progressistas, uma vez que a reflexão sociológica dessas temáticas permiti-nos entender a educação como um meio de transformação social, onde o aluno (o sujeito) tem seus conhecimentos prévios – suas experiências – considerados, sendo agente ativo no processo de produção de conteúdos.
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JORGE LARROSA BONDÍA é doutor em pedagogia pela Universidade de Barcelona, Espanha, onde atualmente é professor titular de filosofia da educação.

(Johnatas Silva, aluno do Curso de Letras da Universidade do Estado do Amazonas.)



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