terça-feira, 22 de março de 2016

PRODUÇÃO ACADÊMICA: DIFICICULDADES DOS ACADEMICOS DE LETRAS DA UEA DE MANACAPURU

PRODUÇÃO ACADÊMICA: DIFICICULDADES DOS ACADEMICOS DE LETRAS DA UEA DE MANACAPURU
Amábyle Karoline
Irenilde
Johnatas Silva
Lauanda Menezes
Lia Mara
Michelly Picanço
Raimundo Nogueira
Rosinete

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo dar publicidade a algumas reflexões acerca da observação de uma dificuldade comum aos acadêmicos do curso de letras da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) no município de Manacapuru – a dificuldade em produção de textos acadêmicos. Por meio de entrevistas com os acadêmicos e com a professora mediadora, além da pesquisa bibliográfica, foi possível definir um ponto em comum na gênese desse problema de modo que, com as informações obtidas, tornou-se viável a apresentação de uma atitude capaz de remediar ou minimizar os efeitos negativos dessa dificuldade comum.
Palavras-chave: Metodologia. Acadêmicos. Dificuldades.


1 INTRODUÇÃO

Ao realizar uma breve observação empírica da turma de Letras, acadêmicos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), no polo de Manacapuru, verificou-se um problema comum – a dificuldade em produção de textos científicos.

Com base nessa observação, pôde-se delimitar um tema sobre a produção acadêmica tendo como objeto de estudo asdificuldades dos acadêmicos de Letras da UEA de Manacapuru.

Essa escolha temática fez-se relevante por ser um assunto bastante discutido dentro da instituição de ensino e a presente pesquisa tem como objetivo verificar as principais dificuldades relacionadas a produção de textos científicos pelos acadêmicos e mostrar o nível de conhecimento dos estudantes universitários acerca da disciplina Metodologia do Estudo e do Trabalho Científico, antes e após seu ingresso à universidade.

            Para que se obtivesse êxito nos objetivos propostos, aplicou-se, por meio de amostragem aleatória, um questionário aos acadêmicos e realizou-se uma breve entrevista com a professora doutora responsável pela mediação do curso em Manacapuru.


Com o intuito de facilitar o entendimento essa pesquisa encontra-se dividida em tópicos que buscam mostrar a importância da metodologia para discentes não só no Ensino Superior, mas desde o Ensino Fundamental.


2 DIFICULDADE NA PRODUÇÃO TEXTUAL ACADÊMICA

2.1 Caraterização do problema

Os acadêmicos do Curso de Letras da Universidade do Estado do Amazonas, turma de Manacapuru, ingressos no segundo semestre de 2015, queixam-se de dificuldades na produção de trabalhos científicos, uma reclamação confirmada pela professora assistente, que recebe e avalia a produção da turma.

Segundo os próprios acadêmicos, a dificuldade consiste em duas limitações básicas: primeira, não conseguem encontrar palavras para expressar o pensamento; segunda, não dispõem ou dispõem de informações escassas sobre o tema ou assunto proposto.

Para a professora doutora assistente, Auricléa Oliveira Neves, os textos produzidos pelos acadêmicos também revelam, sobretudo, dois problemas fundamentais, a saber: a dificuldade de estabelecer, no texto, coerência nos aspectos lógicos, semânticos e cognitivos; e dificuldade de produzir coesão adequada entre os conceitos e relações expressos na produção textual.

Em síntese, o problema se caracteriza, por um lado, pela limitação do aluno quanto ao vocabulário e o repertorio de informações, e, por outro, por significativa limitação na formulação coerente do pensamento escrito, nos aspectos internos e externos. 


2.2 As causas


A educação de metodologia científica, especialmente a que se volta para a produção de textos, sobretudo acadêmicos, é uma realidade recente na sociedade amazonense.

Anos atrás discutia-se em plenário legislativo a importância de se desenvolver economicamente as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Enquanto esse era o tópico, por anos as práticas de ensino basilar ficaram carentes de métodos que desenvolvessem nos alunos o pensamento científico.

Os resultados dessa omissão, para não se falar em negligência, acabou por arraigar-se na sociedade nortista e sua descrição pode ser parafraseada em Rosistolato apud Durkheim (2012) quando afirma:

(…) caso a educação não funcione adequadamente, a sociedade estará em vias de extinguir-se. Não é o fim da sociedade, mas o fim de um determinado modelo social que depende da educação para se reproduzir (…) o que interessa à educação é a influência exercida sobre as crianças e os adolescentes.
É clara a dificuldade encontrada pelos alunos de curso superior em produzir com clareza textos científicos. Essa dificuldade só evidencia a influência exercida pelos professores sobre os alunos das fases básicas dos ensinos, pois, por maioria, aqueles mesmos não teriam domínio sobre essas práticas.

Para salientar essas dificuldades e procurar o aprofundamento é importante verificar pelo menos duas perspectivas – a do aluno e a do professor.

Reclamam, finalmente, que não foram apresentados à metodologia do estudo e do trabalho acadêmico durante toda a travessia da educação básica, especialmente no ensino médio, de modo que o primeiro contato com a disciplina ocorreu – de forma abrupta e traumática – somente na universidade.

2.2.2 Na perspectiva da professora

Na perspectivada professora assistente a dificuldade decorre, sobretudo, de deficiências da educação básica que, em geral, não consegue habilitar o aluno para o pensamento reflexivo, nem o capacitar para o registro escrito dessa reflexão em nível de produção textual acadêmica.

Segundo a professora doutora Neves, em entrevista à essa equipe, a escola da educação fundamental e média pouco contribui para a construção do raciocínio e do pensamento do aluno, de modo que resulta sensivelmente debilitada a capacidade de articulação coerente de ideias e conceitos como consequência perece a construção da argumentação propriamente dita.

Nesse sentido, a professora destaca a ausência, no ensino médio, de treinamento contínuo e intensivo na produção de texto, que deveriam ser necessariamente corrigidos e reescritos pelo aluno, como forma de desenvolver sua habilidade de registro escrito do pensamento, em linguagem escorreita.

A professora ressalta a frágil aprendizagem na educação básica de aspectos da língua como os conectores e a sintaxe responsáveis respectivamente pela coesão e coerência do texto.

Em suma, as dificuldades decorrem de deficiências crônicas acumuladas ao longo da educação básica que dificilmente serão superadas em pouco tempo no ensino superior.

2.3 Um possível caminho de superação

A soma dos fatores acima descritos torna-se empecilho para a produção de trabalhos acadêmicos, atividade que é uma prática necessária na formação de nível superior. Com os acadêmicos da turma do Curso de Letras, da Universidade do Estado do Amazonas, polo de Manacapuru, não é diferente, enfrentam, de modo geral, dificuldades na produção de seus trabalhos acadêmicos.

Haveria, então, um caminho para eliminação e/ou minimização dos efeitos dessas dificuldades? Essa abordagem não é totalmente nova no ambiente científico, Lüdke (2002 p. 103) informa o seguinte:

Nas três últimas décadas vem se consolidando na discussão acadêmica uma perspectiva nítida de valorização da pesquisa e de estímulo ao seu desenvolvimento junto às atividades do docente da educação básica.
Já se tem a necessidade do desenvolvimento de produção científica nas fases iniciais do ensino para que no futuro não ocorra o impacto de metodologias. Mas hoje, para quem não teve o primeiro contato com essa prática, ainda é possível correr atrás do prejuízo.

Considerando as peculiaridades da turma do Curso de Letras, polo de Manacapuru, sugere-se como sugestão a formação de grupos de estudos, no horário diurno nos dias comuns da semana ou diurno e noturno aos sábados, conforme a disponibilidade de tempo.

A pauta dos grupos de estudo seria então a revisão dos aspectos da língua portuguesa mais relevantes para a construção do pensamento e do raciocínio, destacadamente os conectores da língua e os elementos de coerência nos aspectos lógicos, semânticos e cognitivos.

Esses aspectos, contudo, deverão ser trabalhados sempre e insistentemente na perceptiva da produção textual, de modo que se espera, se não a superação das dificuldades, pelo menos sensível melhora na performance do acadêmico de Letra de Manacapuru.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao realizar a análise dos dados obtidos com a pesquisa, pôde-se verificar que a dificuldade encontrada pelos alunos para a produção de textos científicos encontra-se intimamente ligada ao fato dessa prática não ter sido exercitada nas fases anteriores do ensino ao qual eles tiveram acesso.

Outro fator contribuinte para dificuldade que ficou evidente foi a carência da prática de bons hábitos de leitura, pois é notório observar que quanto mais conhecimento advindo da leitura o aluno possuir, mais rápido será o desenvolvimento das ideias que devam ser passadas para a linguagem escrita.

A aplicação da proposta para “correr atrás do prejuízo” e intensificar os estudos e a prática de produção textual em horários alternativos às aulas pode ser importante para que se solucione o problema ou, pelo menos, sejam seus efeitos minimizados. Não houve tempo para que essa hipótese pudesse ser avaliada.

Ainda em fase de discussão de resultados pôde-se observar que a dificuldade sobre a temática é tão grande que talvez seja uma das principais razões para um elevado índice de evasão dos alunos nessa fase.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Carniel, Fagner; Feitosa, Samara (org.); Rosistolato, Rodrigo… [et al]. A Sociologia em sala de aula: diálogo sobre o ensino e suas práticas. Base Editorial: Curitiba, 2012.

Lüdke, Menga… [et al]. 2ed. Ensinar e aprender: sujeitos, saberes e pesquisa. DP&A: Rio de Janeiro, 2002.

Schopenhauer, Arthur. A Arte de Escrever. L&PM: Porto Alegre, 2011 

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