Registros
da Leitura do Livro “Terra Sonâmbula” de Mia Couto
Durante
toda a disciplina de Teoria e Prática da Leitura, foi-nos dada a missão de
fazermos um diário de leitura. Esse diário consiste no registro de nossa
trajetória de leitura da obra escolhida, no meu caso “Terra Sonâmbula”, de Mia
Couto; bem como nossas impressões e até mesmo críticas. Sendo assim, deixarei
aqui o que me aconteceu nesses dias de leitura.
Primeiro dia: 11 de outubro
de 2016.
Neste
meu primeiro dia de registros no meu diário de leitura, a sensação é de
expectativa para saber quais serão minhas experiências no decorrer da jornada,
e ansiedade para descobrir o que o texto irá me revelar. Acredito que será uma
leitura prazerosa, visto que o autor da obra, Mia Couto, é um gigante da
literatura contemporânea.
Já
lendo as primeiras páginas do primeiro capítulo, percebo um vocabulário e uma
estrutura sintática diferentes do que estou habituado. Previ que seria assim
porque a obra é redigida originalmente em português africano (o autor faz uso
frequente de termos típicos de lá). E por esse primeiro contato com o texto, já
várias imagens foram acionadas em minha mente: os horrores das guerras e a
destruições que elas proporcionam.
Segundo dia: 13 de outubro
de 2016
Lendo
a situação que o Kindzu enfrentava com sua mãe – o que está escrito no seu
primeiro caderno e é lido pelo jovem Muidinga – e como era desprezado por ela,
muitas coisas me vieram à mente. Não porque tive algum tipo de problema nesse
aspecto com minha mãe, e sim porque isso me leva a pensar em outras pessoas que
enfrentam situações semelhantes. Chega até ser surpreendente o fato de mães
desprezarem seus filhos. Logo mães, que sempre demonstram um amor quase
incondicional. Contudo na vida real, assim como representada através da arte,
essas coisas acontecem.
Terceiro dia: 17 de outubro
de 2016
Interessante
o capítulo que leio agora! Depois de ficarem sem comida, Muidinga e seu tio vão
para a mata atrás de alimento. O jovem receia que o velho possa levá-los a se
perderem na mata, e ele teme não poder mais voltar para o ônibus, porque lá, em
meio aos rastros e vestígios da morte, existe algo de valor: os cadernos de
Kindzu, os quais ele lê todas as noites. (Noites em que ele faz uma viagem
diferente). Na cabeça do jovem existe a possibilidade de que ele nunca mais poderá
ter aqueles escritos. Isso me mostra o poder que a literatura tem de levar as
pessoas a viajarem por outros mundos, fazendo-as, ainda que por algumas horas,
esqueceram da realidade que as cerca, não importando quão terríveis sejam elas.
Lembrei-me
de um livro que li em 2008 chamado “A Divina Revelação do Inferno”, de Mary
Baxter. O livro era de caráter extremamente empírico, e confesso que hoje,
depois de alguns anos, eu não concordo mais cem por cento com seu conteúdo,
contudo, na época, eu me vi envolvido de tal forma por aquela leitura, que de
fato esquecia de tudo e de todos quando a começava. O livro não era pequeno,
tinha cerca de 300 páginas, e eu consegui lê-lo em três dias. Eu começa a ler e
praticamente não conseguia parar. Me sentia quase vivendo, literalmente, as
experiências relatadas nele. Foi até hoje minha leitura mais envolvente.
Quarto dia: 24 de outubro de
2016
A
leitura de hoje é sobre o terceiro caderno de Kindzu e dentre as aventuras
contadas está a de quando ele se encontra com um anão que veio do céu, o qual o
guia, no meio da imensidão do mar, a um navio encalhado num banco de areia. Me
chamou bastante atenção essa narrativa porque ele tinha acabado de sair do meio
de uma gente faminta, que esperava exatamente o que ele estava vendo: um navio
à deriva. Interessante que ele quase não acreditou no que estava acontecendo.
Isso já me aconteceu (e acontece) algumas vezes. Quando o que parece impossível
se torna possível, às vezes tenho um pouco de dificuldade de acreditar. Tenho
certeza de que o Kindzu teve o mesmo sentimento.
Apesar
de estar achando a leitura do livro bastante interessante, ela, até agora, não
me cativou muito. Não sei. Talvez seja a linguagem usada ou o estilo do autor.
Certo é que muitas partes me pareceram chatas. Foi a impressão que tive.
Quinto dia: 31 de outubro de
2016
Meditando
nas aventuras vividas por Muidinga e seu velho tio, percebo que algumas vezes reclamo
de coisas tão pequenas, tão superficiais. Todo o sofrimento descrito no livro,
tanto dos personagens quanto do contexto geral da obra, me faz pensar um pouco
mais na vida e dar mais valor a ela, principalmente por morar num lugar que não
é o melhor lugar do mudo, mas que é abençoado por Deus. Disso não tenho
dúvidas.
A
aventura dos dois me mostra o quanto é importante valorizar as pessoas que
estão do nosso lado: família, cônjuges, amigos, etc. Fico tão preocupado com
tantas coisas, e às vezes acabo esquecendo das principais. Sinceramente, quando
comecei a leitura não imaginava que ela me levaria a refletir nessas coisas,
mas esse é o poder da arte: tocar no íntimo do nosso ser; nos levar a sensações
quase que indescritíveis.
Logo,
é preciso viver cada momento intensamente, da melhor maneira possível, pois a
vida é como uma flor do campo, ou como dizia o grande pregador Billy Graham:
“Esta vida é apenas uma ponte para a eternidade”.
(Johnatas Silva, aluno do Curso de Letras da Universidade do Estado do Amazonas)
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